Publicado: Terça, 03 Março 2020 17:44
  Autor: Gabriel Mario Rodrigues
  Fonte: Abmes Blog
  Link: https://blog.abmes.org.br/as-sinalizacoes-de-davos-a-educacao-deve-mudar-para-o-mundo-nao-acabar/

Carnaval passou com toda a sua alegria e criatividade. E as diversas mídias concentram-se agora no Coronavírus, a nova preocupação da humanidade, mostrando a insegurança e o alvoroço que nos causa o vírus assassino.


A OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta sobre os malefícios da doença e como ela se espalha rapidamente. O campeonato japonês de futebol foi paralisado e na Itália os jogos são disputados com os portões fechados. Desfiles de moda, exposição de automóveis e eventos de grande afluxo de pessoas são cancelados. As bolsas financeiras despencam e, com a expansão do vírus, os mercados do Brasil, Ásia, EUA e Europa desabam. A área da saúde epidemiológica mundial se une para compartilhar experiências, pois o mundo todo corre perigo. 

Em meu último artigo (Fórum Econômico de Davos e a sustentabilidade) relatei alguns cenários ocorridos em Davos, na Suíça, por ocasião do 50º Fórum Econômico Mundial, onde em sua conclusão há o apelo para engajar a sociedade na construção de um mundo sustentável, menos desigual, inclusivo, com controle climático e parcimonioso na distribuição do desenvolvimento e progresso. Os integrantes do Fórum Mundial que pensam além das câmeras de televisão indicaram dez preocupações que atingem a todos, em escala planetária. 

Chama a atenção o fato de, coincidentemente ou não, o ponto em comum entre os dez temas é a educação. Os pontos foram sumariados pelo site Suno Notícias e, por sua importância, faremos a reprodução aqui. Ao nosso ver, esses temas deveriam ser matéria de reflexão das instituições de ensino por estarem ligadas às transformações do mundo atual. 

O trabalho vai mudar, diz Ginni Rometty, CEO da IBM, pois além da inovação devida as tecnologias, as mudanças climáticas nos forçarão a mudar 100% a forma dos novos empregos. “Será necessário um novo modelo de educação para oferecer as novas ‘habilidades’, aliada a imprescindível parceria público-privada, para enfrentar a nova realidade pois é uma tarefa muito grande para os governos se as empresas não participarem”. 

A privacidade é direito humano. O indiano Satya Nadella, CEO da Microsoft, “salientou que a privacidade dos dados deve ser considerada um direito humano, a ser protegido com total transparência. Poderão ser usados com o consentimento e para o bem da sociedade”. 

A tecnologia deve ser mais inclusiva. Tema defendido com todo o ardor por Sundar Pichai, CEO do Google e do Alphabet, que enfatizou que a tecnologia tem o poder de transformar a sociedade. “As pessoas têm fome de tecnologia, mas devemos torná-la inclusiva. O risco é deixar as pessoas para trás, criando novas desigualdades”. Segundo ele, “temos uma nova revolução tecnológica à nossa frente, graças à inteligência artificial, que será mais importante que o fogo e a eletricidade”. 

O capitalismo como conhecemos está morto. Marc Benioff, fundador e CEO da Salesforce, foi um dos mais enfáticos em Davos. “Nossa obsessão em maximizar lucros apenas para os acionistas levou-nos a uma desigualdade incrível. Uma distribuição mais equitativa é a uma emergência planetária”. Foi aplaudido de pé. 

O risco climático como novo teste de estresse. Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), observou que “os riscos climáticos devem se tornar parte integrante da análise econômica e do processo de teste de estresse. Não pensamos mais nos riscos de 30 anos, mas em tempos muito mais curtos e devemos levá-los em consideração”. 

Aumento das desigualdades. Kristalina Georgieva, sucessora de Lagarde na liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI), alertou que o aumento das desigualdades possa levar-nos para outra crise financeira global. “O sistema financeiro deve ser inclusivo e devemos ficar atentos às desigualdades”. 

O imposto sobre o carbono é regressivo. O presidente e CEO da gestora BlackRock, Larry Fink, no setor da luta contra as mudanças climáticas, indicou como um imposto sobre carbono é regressivo, afetando as camadas mais baixas das populações. “Em minha carta aos acionistas, escrevo que os mercados financeiros estão apoiando o crescimento, mas devemos observar os resultados em 20 a 25 anos”. 

Alerta sobre os riscos de continuarmos sem limites. A jovem ativista sueca Greta Thunberg foi enfática: “Nossa casa ainda está queimando e a inação alimenta as chamas, hora após hora. A ciência e os jovens, em geral, não estão no centro do debate climático. É necessário levar a ciência ao centro da conversa”. 

Neutros em carbono até 2035. A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, de apenas 34 anos, também pediu mais atenção ao meio ambiente: “a transformação do modelo econômico exigido pela mudança climática deve ser aceitável do ponto de vista social e justo, porque, caso contrário, alimentamos o populismo”. 

Somente o multilateralismo faz o mundo prosperar. Ao final, a chanceler alemã, Angela Merkel, reafirmou que “somente o multilateralismo e cooperação são a única maneira de fazer o mundo prosperar. Há falta de diálogo e as pessoas não se falam o suficiente e devem sair das bolhas digitais e conversar. Não podemos simplesmente conversar com pessoas que pensam como nós, isso leva à catástrofe. Estamos diante de uma transformação histórica. Devemos criar cadeias de valor completamente novas”. Ou seja, o modo como fazemos negócios, vivemos e nos acostumamos na era industrial terá que ser mudado. 

A peste, a fome e a guerra sempre dizimaram a humanidade, pois espelham a morte a todo canto. E hoje a TV e a internet nos intimidam com um noticiário pessimista e com imagens de máscaras brancas das pessoas procuram se defender do vírus. Porém, há males maiores que poucos ligam e que foram mostrados em Davos. Sumiço de empregos; capitalismo sem freios; aumento de desigualdade social; descontrole e desastres ambientais; a falta de entendimento e cooperação entre governos e pessoas. Tudo mostrando que a educação deve mudar para o mundo não acabar. É a única saída! 

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