Publicado: Quinta, 23 Janeiro 2014 15:57
  Autor: Fernanda Pompeu
  Fonte: Portal Yahoo - Notícias
  Link: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/mente-aberta/jovens-ponta-110434015.html


Morro de entusiasmo com o acesso cada vez maior de jovens ao ensino superior. O Brasil deve muitíssimo de seu atraso à ideia estúpida de privilegiar pequenas elites. Assim, por longuíssimo tempo, tivemos elites de advogados, médicos, agrônomos, engenheiros, pedagogos. A coisa era tão diminuta que se cunhou a expressão elite pensante.

Neste século XXI, a história mudou. Ainda levo bons sustos quando ouço a caixa da padaria contar que faz faculdade de Enfermagem, ou o jovem vigilante de rua declarar: "Fui muito bem no Enem, obrigado." Pois na minha época de faculdade, no final dos anos 1970, os fatos eram diferentes. Existiam as poucas universidades públicas e meia dúzia de particulares.

 

Ou você estudava obsessivamente para ingressar na pública, ou tinha dinheiro sobrando para fazer uma particular. Era ponto sem vírgula. Daí, o aumento de escolas superiores e de estudantes universitários é gol de ouro para o indivíduo e para o país! Mas isso não basta. Quantidade é avião na pista, qualidade é avião no ar. Juntas, elas são o céu a navegar.

Toda vez que um estudante universitário se ressente de um professor exigente, reclama do excesso de leitura, negligencia seus estudos, ele está sabotando a si mesmo. E no futuro próximo, sabotando a sociedade. Diplomar-se merece parabéns, mas o diploma em si não quer dizer nada. O que todos esperamos é o compromisso com a qualidade. Não importa se o graduado vai trabalhar em uma creche, dentro de casa, ou numa empresa da internet.

Também é óbvio que a faculdade sozinha não dará qualidade a ninguém. A propriedade de fazer o trabalho bem, isto é, fazer de forma honesta, responsável e inovadora, dependerá muito mais do indivíduo. Esforço, criatividade, boa vontade, inteligência são conquistas. Atributos diretamente relacionados com a taxa de dedicação e com a performance de mergulho de cada um.

Sem essa compreensão, viveremos num infantil faz de conta. Numa autoilusão, repetindo o triste adágio Eu finjo que ensino, você finge que aprende. As oportunidades estão aí. Nunca foram tão vastas e inéditas. Elas se oferecem, mas pedem em contrapartida que haja qualidade. A pergunta é: você está se preparando?

Imagem: Régine Ferrandis

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