Publicado: Quinta, 03 Outubro 2013 11:58
  Fonte: Diário Comércio Industria & Serviços


O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o programa do governo federal que oferece empréstimos para alunos cursarem a graduação é o principal fator que sustenta a valorização do setor privado de educação listado na Bolsa de Valores de São Paulo nos últimos dois anos.

Ao mesmo tempo é também o maior risco político do setor, uma mudança de governo que possa direcionar os recursos para universidades públicas pode ofuscar o bom desempenho das empresas privadas que passaram a registrar menor inadimplência dos alunos na gestão Dilma Rousseff.


"O risco político sempre existe, mas dificilmente um novo governo alteraria o programa sendo o déficit educacional um dos principais gargalos do Brasil", avalia o analista fundamentalista da Wintrade Alpes Corretora, Bruno Gonçalves. O Fies pretende financiar 10 milhões de estudantes universitários até 2020.

Entre as companhias abertas do setor, 53% da base de 514,7 mil alunos da Kroton são financiados pelo Fies, enquanto na Anhanguera Educacional, o Fies representa 33,1% da base de 474,6 mil alunos. Em menor dependência do governo federal, as receitas do Fies na Estácio representam 18% num total de 313,4 mil alunos.

No ano até ontem, a ação com direito a voto (ON) da Kroton avançou 35,44% para R$ 30,80, seguido pelo papel ON da Estácio que evoluiu 21,62% a R$ 16,82, e a ação da Anhanguera subiu 13,36% para R$ 13,06. Com estrutura diferente das demais e focada em cursos profissionalizantes e de idiomas, a unidade de ações (unit) da Abril Educação apresenta queda de 15,7% no ano até ontem, para o valor de R$ 33,50.

Com a queda da inadimplência e a estratégia agressiva de fusões e aquisições que capturam sinergias administrativas, a rentabilidade das empresas cresceu e atraiu o interesse dos investidores e recentemente, Kroton e Anhanguera, ambas em processo de fusão a ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) passaram a integrar o Ibovespa, o índice das companhias mais negociadas na Bolsa de Valores.

"No curto prazo há o risco do Cade colocar alguma restrição à consolidação do setor no caso da Kroton e Anhanguera. Mas em geral, as empresas estão conseguindo captar sinergias, algumas como a Estácio em um ritmo um pouco mais lento", diz Gonçalves.

Outro risco do segmento é a taxa de desemprego. "Se houver uma acomodação do emprego, isso pode causar inadimplência, uma parcela significativa dos estudantes custeia suas mensalidades", explicou o analista.

Mesmo com os riscos citados, os profissionais de investimentos consideram que ainda há potencial de valorização dos papéis. "O crescimento do ensino à distância (EAD) é uma das perspectivas mais sólidas. As empresas podem atuar com um corpo docente muito mais reduzido e menor custo", diz a analista da corretora Coinvalores, Sandra Peres.

Ela lembrou que mais duas empresas devem abrir capital na Bolsa em breve, a Anima Educação e a Ser Educacional. "É provável que mais empresas pretendam fazer IPOs [ofertas iniciais] na Bolsa", apontou a analista.

Em termos de resultados financeiros, a Kroton com patrimônio líquido de R$ 2,467 bilhões ao final de junho, informou lucro líquido ajustado 102% maior em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 298,5 milhões no primeiro semestre, e uma expectativa (guidance) de lucro de R$ 460 milhões em 2013. A empresa possui 1.667 investidores pessoas físicas e 1.193 investidores pessoas jurídicas.

A Anhanguera com patrimônio líquido de R$ 2,322 bilhões ao final de junho apresentou lucro líquido 36,8% maior no primeiro semestre, de R$ 118,401 milhões, ante igual período de 2012. A companhia possui 1.667 investidores pessoas físicas e 1.193 investidores pessoas jurídicas.

A Estácio com patrimônio líquido de R$ 1,431 bilhão exibiu lucro líquido 106% maior para R$ 113,305 milhões até junho.

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