Publicado: Quarta, 10 Julho 2013 14:05
  Fonte: Portal Terra

A perigosa combinação do desemprego entre os jovens, falta de educação e ameaça de extremismo está tornando o acesso à escola em uma “questão de segurança”, disse Irina Bukova, diretora-geral da Unesco, órgão da ONU para a Educação, Ciência e Cultura, de acordo com informações da BBC.


A volátil perspectiva de milhões de pessoas sem formação, jovens analfabetos em países em desenvolvimento, sob pressão por conta da crise financeira, trouxe um significado político sem precedentes para a campanha de dar a toda criança educação escolar primária, segundo Bukova.

A chefe da Unesco deu essas declarações antes do discurso na ONU da menina paquistanesa Malala Yousafzai, que irá pedir nos próximos dias pelo direito de frequentar uma escola para todas as crianças do mundo. Yousafzai, 15 anos, foi atacada pelos talibãs de seu país por defender seu direito à educação.

Meta distante

Em 2000, com a proximidade de um novo milênio, líderes mundiais comprometeram-se a garantir educação primária universal até 2015 – nenhuma criança iria ficar sem educação básica. Após um surto inicial, o progresso estagnou e a meta agora parece improvável de ser alcançada nos próximos 18 meses. “Em 2015, é impossível”, disse a búlgara que dirige a Unesco.

No entanto, Irina Bukova disse que ao invés de ser uma causa de pessimismo, a busca pelo objetivo trouxe “grande progresso”. Havia 108 milhões de crianças fora da escola quando o compromisso foi feito – as figuras mais recentes apontam que este número caiu para 57 milhões.

“Se as estratégias certas estão em vigor, e você coloca sua cabeça onde está o seu coração, então as coisas podem melhorar. No Afeganistão, em 2000, apenas 4% das meninas estavam na escola, e hoje há mais de 70%”, disse a líder.

Outro importante resultado positivo foi o reconhecimento da importância em medir a qualidade da educação, ao invés de simplesmente contar o número de crianças em uma sala de aula – entre as descobertas mais preocupantes foi a constatação de que, apesar de anos na escola, as crianças permanecem analfabetas funcionais.

A Unesco está planejando criar uma nova medida global para avaliar o que de fato está sendo aprendido nas escolas primárias pelo mundo. “Isso dará um entendimento global sobre o que significa qualidade de educação”, afirmou Bukova.

Ainda é incerto se haverá novos objetivos após 2015, mas qualquer coisa que seja proposto deverá lidar mais com a qualidade educacional do que simplesmente com o volume e número absoluto de crianças na escola.

Educação é chave para estabilidade política e econômica
Irina Bukova disse que a crise financeira mundial foi um grande golpe sobre a meta de atingir educação primária universal. Países doadores recuaram e deixaram uma “lacuna preocupante” na arrecadação de recursos.

Apesar disso, a chefe da Unesco afirmou que a crise financeira deu à educação uma importância política “paradoxal”, uma vez que o desemprego entre os jovens é uma grande ameaça em muitos países, e a educação e formação são vistos como elementos fundamentais para reverter o quadro.

“Educação agora está se tornando em alguns casos uma questão de segurança”, disse a búlgara, dando como exemplo países como Afeganistão, Iraque e a região do Oriente Médio, onde há grande pressão para providenciar educação para promover estabilidade e democracia e evitar o extremismo.

O mesmo vale para países emergentes. “No Brasil, o governo reconhece que o sistema educacional é um dos maiores desafios” em seu caminho para uma economia competitiva e inclusão social, de acordo com a chefe da Unesco, que acrescenta que economia e estabilidade política estão intrinsecamente ligadas à melhoria da educação. 

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