Publicado: Terça, 28 Maio 2013 11:50
  Autor: Pedro Paulo Rezende
  Fonte: Correio Braziliense

Longevidade das pequenas empresas está relacionada ao aumento do nível de escolaridade dos seus proprietários, conclui pesquisa do Sebrae.


Para o professor da UnB Leonardo Arêas, o empreendedor deve ser visionário, criativo, empenhado e ter capacidade de planejamento

Nos últimos 10 anos, a taxa de sobrevivência das pequenas e microempresas saltou de 50% para 73%. O segredo, segundo pesquisa inédita do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), está na melhoria do nível educacional dos que abrem seus próprios negócios. Nesse período, o índice de micro e pequenos empresários com ensino médio incompleto ou mais cresceu de 38% para 53%.

Segundo o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, a educação está intimamente ligada à qualidade do empreendedorismo em todos os países. “A boa notícia é que o aumento da escolaridade no Brasil também traz reflexos positivos para os pequenos negócios. Ao desenvolver competências empreendedoras, as pessoas ampliam sua visão, planejam melhor e ampliam as chances de sobrevivência e crescimento do campo dos negócios”, analisa

O Brasil conta hoje com cerca de 7 milhões de micro e pequenas empresas, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Nigéria. Hoje, o percentual de firmas criadas a partir do senso de oportunidade mercadológica aumentou de 42% para 70%. Assim, a abertura de um negócio motivada pelo desemprego ou necessidade financeira já não prevalece no empreendedorismo nacional.

Diploma

O levantamento feito pelo Sebrae mostra que quanto mais anos de estudo, maior a proporção daqueles que iniciam negócio por oportunidade. Entre os empresários com pós-graduação completa, a proporção chega a 87%, sendo também essa a realidade para 83,2% daqueles que têm o diploma de graduação.

Em termos de formação escolar, os jovens (até 34 anos) apresentam maior grau de escolaridade, se comparados aos não jovens (acima de 34). Entre o primeiro grupo, 11% têm ensino superior completo ou mais, 4%, superior incompleto, 41%, ensino médio (completo ou incompleto), 13%, ensino fundamental completo e 31% possuem no máximo o fundamental incompleto. No segundo segmento, 10% cursaram ensino superior completo ou mais, 2%, superior incompleto, 23%, ensino médio (completo ou incompleto), 11%, ensino fundamental e 53% o fundamental incompleto.

“A sociedade contemporânea exige pessoas empreendedoras, autônomas, com competências múltiplas, que saibam trabalhar em equipe e aprender nas situações novas e complexas, que enfrentem desafios e promovam transformações”, afirma o presidente do Sebrae. “Por isso é importante discutir a educação empreendedora, pois assim, desde cedo, essa capacidade é desenvolvida e lapidada nesses profissionais do futuro”, arremata. 

O professor do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Arêas acredita que capacitação é fundamental para quem deseja abrir uma empresa. “Muitos profissionais enfrentam problemas na execução dos negócios por falta de capacitação. Empreendedorismo não é loucura”, acentua. “É preciso planejar muito. E, para isso, o conhecimento é fundamental. Quando a qualificação é maior, o acesso à informação também é maior, o que facilita a identificação das variáveis.”

Visionário

Para ele, um bom empreendedor deve ser visionário e desenvolver seu processo criativo. Também precisa estudar, ter comprometimento com o projeto defendido e fazer um planejamento minucioso. Um exemplo de sucesso em Brasília, segundo o professor, é a companhia de comédia Os melhores do mundo. Além de escreverem, produzirem e dirigirem os próprios espetáculos, os artistas, que fizeram mais de 3 mil apresentações nos últimos 10 anos, também confeccionam os cenários e figurinos, além de administrarem a bilheteria. “A companhia abriu precedentes para uma série de novos grupos na cidade. É um caso de empreendedorismo que deu certo”, ressalta.

O docente avalia que o novo perfil do micro e pequeno empresário exercerá uma demanda por mais cursos voltados ao empreendedorismo no ensino médio e superior. “Hoje, o número de profissionais que optam por ser empresários é cada vez maior. Antes, a decisão era baseada na necessidade”, afirma. Ele lembra que inúmeras disciplinas com o tema já são ministradas na UnB. Três colégios em Brasília também inseriram a matéria no currículo escolar.

Novo perfil

A maior parte dos micro e pequenos empresários concluiu o ensino médio. Com a melhoria dos indicadores educacionais, cresceu o número de negócios abertos a partir de uma ideia e diminuiu os gerados por dificuldade de inserção no mercado de trabalho

Escolaridade Total de empreendedores Negócios abertos por oportunidade Empreendimentos iniciados por necessidade 

Nenhuma educação formal 1,8% 0,6% 2,0%
Primeiro grau incompleto 23,7% 14,4% 29,0%
Primeiro grau completo 11,7% 9,4% 10,2%
Segundo grau incompleto 6,3% 7,3% 7,9%
Segundo grau completo 35,2% 40,0% 36,7%
Curso superior incompleto 7,7% 1 1,0% 5,9%
Curso superior completo 10,7% 14,1% 8,1%
Pós-graduação incompleta 1,2% 1,5% 0,0%
Pós-graduação completa 1,7% 1,8% 0,4%

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