Imprimir

  Publicado: Segunda, 22 Janeiro 2018 11:14
  Autor: Prof. Paulo Cardim
  Fonte: Blog da Reitoria
  Link: http://www.belasartes.br/diretodareitoria/artigos/2018-inicio-de-um-novo-ciclo-na-belas-artes

Há vinte anos, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) realizou em Paris, de 5 a 9 de outubro de 1998, congresso internacional para, após avaliação, aprovar a “Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação”. 


Esse foi o resultado do trabalho de uma comissão, liderada pelo economista e político francês Jacques Delors, que trabalhou arduamente, entre 1993 e 1996, e gerou o conhecido Relatório Delors, intitulado “Educação, um Tesouro a descobrir”, que aponta para quatro pilares da educação superior para o século 21, interligados e com o fim único de uma formação holística do educando, para uma educação ao longo da vida:

1. Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente ampla, com a possibilidade de estudar, em profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida.

2. Aprender a fazer, a fim de adquirir não só uma qualificação profissional, mas, de uma maneira mais abrangente, a competência que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Além disso, aprender a fazer no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho, oferecidas aos jovens e adolescentes, seja espontaneamente na sequência do contexto local ou nacional, seja formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.

3. Aprender a conviver, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.

4. Aprender a ser, para desenvolver, o melhor possível, a personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade cada vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. Com essa finalidade, a educação deve levar em consideração todas as potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.

Para Jacques Delors “à educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele”.

Esses são os desafios das instituições de ensino superior (IES) para este século da era do conhecimento, com mudanças vertiginosas em todos os setores da economia e no mundo digital, que interfere radicalmente no processo ensino-aprendizagem, no qual o educando é o centro, o ator principal, tendo o professor como o profissional indispensável para conduzir esse processo, destacando-se mais como o orientador, o estimulador da aprendizagem, do que o de simples transmissor do conhecimento por ele conquistado. A interação educador-educando tende a ser cada vez mais dinâmica, participativa. O professor deve conduzir o educando a construir seus valores e habilidades, para o exercício consciente e pleno da cidadania e de profissões.

Esse é prioritariamente o desafio da Belas Artes, uma IES quase centenária, mas que está em constante mudança, adaptando-se aos novos tempos, a fim de proporcionar aos seus estudantes a aprendizagem mais adequada à carreira escolhida, em nível de graduação, além de oferecer oportunidades diversas para a educação continuada. O aprofundamento de estudos em cada área de trabalho e a necessária atualização profissional é, também, uma das diretrizes da Belas Artes em seu Projeto Pedagógico Institucional.

Os novos estudantes, os calouros que ingressam nos diferentes cursos superiores da Belas Artes, e os veteranos, que recomeçam os seus estudos, neste 1º semestre de 2018, são acolhidos como companheiros de jornada, pelos professores, gestores acadêmicos e pelos demais profissionais da educação que atuam em nossa comunidade. Companheiros de uma jornada instigante de aprendizagem que vai superando, semestre a semestre letivo, os desafios de uma educação antenada com o seu tempo e, indo além, desenvolvendo estudos e pesquisas para atender à formação da cidadania para os tempos de transformação por que passa o Brasil e o mundo e à evolução do mercado de trabalho, que reinventa profissões ou gera novas, exatamente, para atender às conquistas deste século, que está apenas começando…

Sejam todos bem-vindos para mais uma etapa de aprendizagem para juntos, aprendermos a aprender, a fazer, a conviver e a ser, porque, como diz Edgar Morin, um dos autores do Relatório Delors, “se descobrirmos que somos todos seres falíveis, frágeis, insuficientes, carentes, então podemos descobrir que todos necessitamos de mútua compreensão”.

A Belas Artes está de braços abertos para todos! Sejam bem-vindos!