Publicado: Quarta, 06 Março 2013 07:40
  Fonte: Portal Todos Pela Educação

Fenômeno explica 80% da queda na frequência escolar bruta da faixa etária.

A taxa de frequência escolar bruta entre os jovens de 15 a 17 anos caiu de 85,2%, em 2009, para 83,7%, em 2011, no País, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). A queda no indicador, calculado por meio da razão entre o número de jovens de 15 a 17 anos matriculados na escola e a população total de jovens de 15 a 17 anos, é explicada, em grande parte, por uma mudança positiva na Educação Básica pública do Brasil: o fluxo escolar nessa faixa etária vem melhorando.

Em artigo para o De Olho nas Metas 2012, quinto relatório de monitoramento das 5 Metas do Todos Pela Educação (leia mais aqui), os economistas Marcelo Neri e Luis Felipe Batista de Oliveira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), analisam os dados. “O cenário não chega a ser otimista porque essa faixa etária (jovens entre 15 e 17 anos) ainda é um mistério para a Educação. É uma fase da vida que tanto as famílias, o Estado e os próprios jovens têm dificuldade para compreender”, pondera Neri, que é presidente do órgão. “No entanto, essa tendência vai além da Pnad e se mantém em 2012. Não é um fenômeno isolado”, completa.

A decomposição da taxa em seus diversos fatores explica e corrobora a tendência de melhora. A taxa de alunos na etapa correta de ensino entre os jovens acima dos 15 anos subiu de 50,9%, em 2009, para 51,6%, em 2011. Quando observado o percentual de alunos entre 15 e 17 anos que ainda estavam no Ensino Fundamental em 2004, 2009 e 2011, a diminuição também fica evidente: 34,6%, 31,9% e 29,4%, respectivamente.

A distorção idade-série, por sua vez, apresenta queda progressiva no percentual referente ao Ensino Médio: 42,1% em 2004, 32,9% em 2009 e 29,8% em 2011. Já o percentual de jovens com essa etapa de ensino concluída (contados, portanto, como jovens que não frequentam a escola) subiu entre os estudantes entre 15 e 17.

Apesar da tendência positiva, Neri, que também é membro da Comissão Técnica do Todos Pela Educação, destaca que o Brasil está “perdendo a guerra” no Ensino Médio. Ele afirma que, nas etapas de ensino anteriores, o País vem avançando, especialmente com a universalização do acesso no Ensino Fundamental e o surgimento de uma agenda forte para a Primeira Infância, com o reforço e as discussões sobre a Educação Infantil.

“Dados de outra pesquisa que realizei mostram que 40% dos jovens não estão na escola não por causa de trabalho ou por falta de vaga, mas sim porque não consideram a escola interessante”, explica. “Além disso, ainda existe pouca literatura sobre essa geração ‘nem nem’, que são os jovens que não trabalham, não estudam e não ajudam em casa. Essa situação só ficará mais clara quando aprendermos a olhar com o olhar dos jovens.”

Educação Profissional
A crise do Ensino Médio, discutida há anos no Brasil e que ganhou força em 2012 por conta dos resultados pífios de proficiência apresentados por essa fase de ensino no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), para Neri, se deve ao fato de que a etapa “tenta fazer muita coisa mas não consegue”. “O Ensino Médio não motiva o jovem hoje”, sintetiza. “Nesse contexto, o ensino técnico é um caminho e um tipo de abordagem possível.”

Ele afirma que é possível observar uma “onda” de jovens que optam por cursos profissionalizantes e técnicos desde 2004 no Brasil. “Ainda temos uma mentalidade ‘bacherelesca’ no Brasil, mas o Ensino Profissional vem atraindo cada vez mais”, explica. “Ele aparece como uma opção específica para vários jovens, como contraponto à generalidade do Ensino Médio regular, para jovens que não têm quatro anos para cursar uma faculdade, por motivos de tempo ou de dinheiro.”

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