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  Publicado: Quarta, 04 Novembro 2015 14:59
  Fonte: Portal Gazeta do Acre


Tenho dedicado maior parte da vida à Educação Superior no Estado do Acre. Do magistério fiz um sacerdócio, exercitando-o com amor, dedicação, paciência, orientações firmes, ensinamento profundo, jeito amigável, sem autoritarismo, construindo uma ponte entre o ensino e a aprendizagem. E tem dado muito certo, porque se tem alcançado êxito com os estudantes e professores, incutindo-lhes o amor pela ciência da linguagem, em especial pelo idioma pátrio, que todo cidadão brasileiro deve dominar para o sucesso na profissão.

 

E, no decorrer dos anos, com as mudanças operadas no mundo, compreendi, há bastante tempo, que a internet modificou a forma de ensinar e de aprender, tanto nos cursos presenciais como nos de educação continuada, à distância. A presença regular do professor em sala de aula só faz sentido quando há amor, determinação, vontade de ensinar, respeito ao aluno e ao magistério. Esse encontro de professor e aluno, em sala de aula, só vale a pena quando a aprendizagem é maior, estando os dois juntos. Se isso não acontecer não valerão os encontros diários. Hoje, muitas formas de ensinar não mais se justificam. O mundo mudou, a vida mudou, não se pode perder tempo com listas de presença, com desatenção de alunos, com aulas sem motivação e no ensinamento de valores que não são praticados na família, na sociedade.

Entendo, ainda, que as mudanças na educação dependem  muito dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador. Quando se têm alunos apáticos, silenciosos, dispersivos, algo está errado. Então, ao perceber isso o professor deve buscar alternativas para o reencontro com a aprendizagem, despertar no aluno a sede do conhecimento e do saber.

Tenho conversado com alunos que dizem odiar o curso superior que fazem. Na verdade esses alunos estão desmotivados, decepcionados com os professores, com o sistema universitário que pouco tem evoluído diante de tanta modernização no mundo globalizado. O estudante e o professor precisam entrar no circuito do século XXI, aproveitar as oportunidades que são maravilhosas. Deixá-las passar em branco é algo absurdo. Igualmente, repetir fórmulas de séculos anteriores conduzem os estudantes ao tédio, a odiarem os cursos. Não é culpa dos conteúdos, mas de quem os ministra de modo arcaico, sem amor, sem compromisso, sem interesse em socializar e compartilhar conhecimentos. Ninguém deseja estar num ambiente assim, o jovem tem ânsia de conhecer o novo, sentir-se personagem importante nesse mundo de tantas oportunidades e com imensas novidades no campo educacional. Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajudá-los melhor.

Então, é hora de modificar a forma de ensinar e de aprender. Um ensinar mais compartilhado, orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente, onde as tecnologias terão papel importante na mudança de cenários no quadro educacional do país.

Entendo que o grande mote atual é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento das áreas do conhecimento, em espaços menos rígidos, menos engessados. Tem-se, hoje, informações demais e dificuldade em escolher quais são mais significativas para os alunos integrá-las dentro de suas vivências.  E o papel do professor – o papel principal – é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los na vida.

Então, de um professor, espera-se, em primeiro lugar, que seja competente na sua especialidade, que conheça a matéria que ministra e que esteja atualizado. Em segundo lugar, que saiba comunicar-se com os seus alunos, motivá-los, explicar o conteúdo, manter o grupo atento, entrosado, cooperativo, produtivo. Entrar e sair de sala de aula sem saber o nome dos alunos é algo inconcebível. Deixá-los desmotivados para o curso que escolheram é algo imperdoável a um educador que se respeite.

O professor deve ser um facilitador, aquela pessoa que ajuda o aluno a avançar no processo de aprender.  Por isso mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de o país ter educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato. Pois os grandes educadores atraem não só pelas ideias que carregam consigo, mas também pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem com os alunos. É esse conjunto que enriquece o processo educacional, tornando-o fascinante aos olhos de quem ensina e de quem aprende.

Nesse contexto, deve-se educar para a autonomia, para a liberdade, usando da autonomia e da liberdade. Assim, uma das tarefas mais urgentes é educar o educador para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, de forma mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo da cada aluno, das habilidades específicas de cada ser que está diante dele em sala de aula.

Por fim, entendo que educar é colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar o aluno na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional. É ajudá-lo no seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação capazes de lhe permitir encontrar o espaço pes-soal, social e de trabalho,  para assim o aluno se tornar um cidadão realizado, produtivo e feliz.

DICAS DE GRAMÁTICA
COMO USAR AS FORMAS VER/VÊ; DAR/DÁ; LER/LÊ; ESTAR/ESTÁ? COMO EMPREGAR CORRETAMENTE OS SEGUINTES VERBOS: VÊ, VER, ESTAR E ESTÁ? QUANDO SE DEVE ESCREVER ESTÁ OU ESTAR?

Assim:
– Deve-se usar o acento gráfico quando se emprega os verbos ver, dar, ler e estar na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, caso em que ele estará sozinho, sem outros verbos de apoio:

–    Ela vê tudo com bons olhos.

–    Ana Maria dá suas receitas para todos.

–    Você está bem?

–    Ele lê dois livros por mês.

– Devem-se usar os verbos com – r final quando eles estão em uso infinitivo:

Dar aulas é bom. A professora dá (ela, a professora) aulas diárias.

Ler é uma forma de viajar. Os estudantes devem ler bastante, por isso Franco lê (ele lê) bons livros.

Ver a cidade do alto da torre é paisagem bonita. Maria vê (ela vê) de sua casa uma vista do rio.

* Luisa Karlberg – É membro da Academia Acreana de Letras; Membro Fundadora da Academia dos Poetas do Acre; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da International Writers and Artists Association (IWA), sediada na cidade de Toledo, Ohio, USA. Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa (Campus Floresta (2011-2018); Orientadora de Pós-Graduação em nível de Mestrado e Doutorado; Orientadora de Pós-Graduação Lato Sensu; Orientadora de bolsistas PIBIC (Campus Floresta – UFAC); Pesquisadora DCR do CNPq (2015-2018). Grã-Chancelar da medalha J.G. de Araújo Jorge, pela Academia Juvenil Acreana de Letras; Embaixadora da Poesia pela Casa Casimiro de Abreu.