Publicado: Quinta, 14 Fevereiro 2013 07:38
  Fonte: Último Segundo - IG

Os investimentos em educação feitos pelo Brasil nos últimos anos cresceram. Porém, ao contrário de outros países com o mesmo perfil de desenvolvimento, a qualidade de ensino não acompanhou o aumento desses gastos. A conclusão faz parte de um estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no final do ano passado.

A pesquisa “Competitividade Brasil: comparação com países selecionados” mostra que o aumento da competitividade é o maior desafio do País. Entre as 14 nações selecionadas na avaliação, o Brasil ocupa a 13ª posição nesse quesito. Para a indústria, melhorar a qualidade do ensino oferecido nas escolas brasileiras fará toda a diferença nesse cenário.

Foram analisados 14 países: África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Índia, México, Polônia e Rússia. Eles foram escolhidos por conta de suas características econômico-sociais e posicionamento no mercado internacional. As variáveis escolhidas foram custo da mão de obra e de capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambiente econômico, educação, tecnologia e inovação.

No que diz respeito à educação, três frentes foram avaliadas: a disseminação da educação entre a população brasileira, a qualidade de ensino e o volume de recursos investidos na área. O Brasil é o 6º país entre os 14 avaliados que mais investe em educação (o dado utilizado foi o percentual do PIB em 2010, 4,97%).

O índice é similar ao da Espanha (5%) e da Coréia do Sul (4,63%). No topo da lista, aparecem África do Sul (6,28%), Canadá (5,96%), Austrália (5,84%) e Polônia (5,42%). “A elevação do custo com educação é recente e sabemos que os resultados são lentos e geracionais, mas é importante perceber o que os outros países têm feito melhor”, avalia Rafael Lucchesi, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Os itens avaliados para mensurar a qualidade de ensino mostram que o Brasil está bem atrás dos outros. O País aparece em 9º, superando apenas a Colômbia e a Argentina, nos quesitos considerados importantes nesse sentido: o nível de conhecimento dos estudantes em matemática, ciências e a capacidade de leitura .

“É uma fotografia importante para a sociedade brasileira. Há avanços que estão sendo feitos para melhorar a qualidade e os indicadores tem demonstrado isso. Mas temos também um desafio de gestão desses recursos a enfrentar. Os países que têm tido boa performance nos rankings educacionais investiram na profissionalização dos dirigentes, da carreira dos docentes”, diz Lucchesi.

Fator determinante para desenvolvimento

Lucchesi lembra que essa é a segunda vez que a CNI faz estudos sobre competitividade. A educação foi listada entre os itens importantes a serem avaliados desde então. Segundo ele, a preocupação da entidade se dá por conta do papel “central” do ensino no desenvolvimento econômico do País.

“A qualidade educacional influencia diretamente a competitividade porque determina a qualificação para o trabalho. Há um ano e meio, a pesquisa da CNI detectou que a deficiência na educação básica interferia na produtividade das indústrias. Há indicadores que mostram a necessidade de atenção do País”, afirma.

A conclusão dos estudos pela população, por exemplo, chamou a atenção dos pesquisadores. No quesito disseminação da educação, que avaliou as matrículas de alunos e suas respectivas idades em 9 países (Coreia do Sul, Canadá, Rússia, Austrália, Espanha, Polônia, Chile e México), o Brasil fica em penúltimo.

Apesar de muitas matrículas no ensino médio, o País tem um elevado índice de abandono em relação aos outros já que apenas 52% da população de 25 a 34 anos concluiu a educação básica. Nos dados que mostram a quantidade de pessoas nessa faixa etária que concluiu o ensino superior, o índice é pior ainda (12%) e coloca o País em último lugar da lista.

“Ainda temos poucos jovens no ensino superior e no ensino técnico, ao contrário dos outros países. No Brasil, apenas 6,6% dos jovens fazem educação profissional com ensino regular enquanto nos países desenvolvidos o percentual é de 42%”, comenta.

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