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  Publicado: Sexta, 31 Julho 2015 11:03
  Fonte: Jornal da Ciência

 

Para economista, produtividade industrial exige investimento em educação

Em um momento de turbulência econômica em que os setores da indústria de transformação registram queda generalizada, o investimento em educação é uma prioridade para melhorar a produtividade da economia brasileira e estimular o desenvolvimento de longo prazo do País. A opinião é do economista Rodolfo Margato, do Banco Santander, que diz que a produtividade brasileira é relativamente baixa em relação a países emergentes.

 

“A educação continua sendo um tema prioritário quando se fala de desenvolvimento, de aumento de produtividade e de restauração de competitividade para o crescimento de longo prazo”, disse o economista em seminário realizado na sede da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em Brasília, nesta semana. Dessa forma, ele afirmou que os cortes orçamentários, em especial na educação, “são um tiro no próprio pé”.

Um dos termômetros da baixa produtividade brasileira, segundo o economista, é o setor de serviço, responsável por mais de 70% de toda mão de obra disponível. Enquanto isso, na indústria de transformação, que depende de mão de obra mais especializada e exige produtividade maior do que o varejo, os postos de trabalho estão estagnados.

Para o economista, a produtividade do setor industrial precisa seguir o modelo do agronegócio, que tem sustentado taxas de crescimento significativas nos últimos anos em razão de investimentos em inovação, de ganhos de produtividade e de eficiência produtiva.

O economista lembrou que na última década houve melhora significativa nos indicadores educacionais, cujos gastos subiram de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2000 para 5,9% em 2011. Embora seja um dos países que mais investem em educação, proporcionalmente ao PIB, o Brasil permanece em desvantagem em relação às economias emergentes, seus principais concorrentes no mundo na atração de investimentos diretos estrangeiros.

Inovação aquém da demanda

Para o economista, o desafio do Brasil é, também, desenvolver inovação. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) chegaram a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, acima da média dos países da América Latina. Apesar de o País permanecer com fundamentos sólidos na área econômica, mantendo-se como a sétima maior economia do mundo, Margato disse que o Brasil se mantém aquém dos concorrentes estrangeiros em relação ao indicador de resultado de geração de patentes para cada mil pesquisadores.

O economista lembra que um dos reflexos é o desequilíbrio interno entre a oferta e demanda por produtos com maior valor agregado (celulares, automóveis e veículos de carga, por exemplo). Desde 2004 o consumo interno vem sendo abastecido pelos importados. A balança comercial de produtos manufaturados que era superavitária em 2004 passou a acumular déficit da ordem de US$ 100 bilhões nos últimos anos.

Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência