Publicado: Sexta, 01 Fevereiro 2013 08:43
  Fonte: Valor Econômico - São Paulo/SP

A incorporação da ciência e da tecnologia na realização de grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.

A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos começam a impulsionar projetos inovadores e oportunidades de negócios que, sem a realização dessas competições, provavelmente ficariam restritos ao terreno das ideias. Não se trata apenas da construção de estádios que aliam conforto e tecnologia ambientalmente correta. Há também a fabricação de instrumentos musicais destinados a substituir as vuvuzelas africanas no gosto do torcedor e a criação de hortas hidropônicas numa favela da zona sul do Rio, para garantir renda a uma comunidade carente e alimentar atletas que participarão da Olimpíada.

Paulo Vasconcellos

A incorporação da ciência à preparação de atletas é campo de atividade em que se investem conhecimento e buscam-se lucros, como na construção de caiaques de competição feitos de material mais resistente e mais barato que os importados, de fibra de carbono, ou a cadeira de rodas, desse mesmo material, com especificações próprias para jogos de basquete e handebol. Mais ainda: algumas capitais começam a agregar estruturas de serviços públicos inteligentes, por força de contratos estabelecidos com a Fifa, enquanto o Rio também desenvolve projetos de melhorias tendo em vista o afluxo de visitantes atraídos pela Olimpíada de 2016.

Não é nada que indique que o Brasil vai virar, de repente, uma superpotência tecnológica ou esportiva, mas a expectativa é de que ao menos seja pavimentado o caminho para que o país se torne emergente também em algo mais do que apenas na economia.

"A Copa do Mundo vai ajudar a consolidar a imagem do Brasil para além do futebol, da música e da natureza", diz o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luís Fernandes.

"Para a Copa do Mundo, o país está com fixação no gargalo da infraestrutura, mas para os Jogos Olímpicos todo o potencial tecnológico e científico de um evento de grande porte talvez possa ser mais bem aproveitado", afirma o consultor Eduardo Costa, que lidera um grupo de empresários e cientistas mobilizados em torno do propósito de oferecer ideias arrojadas com foco no mundial de futebol e na Olimpíada.

É na expectativa da evolução do esporte que remadores do Flamengo treinam na Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul carioca, com uma caixinha de nove por sete centímetros no fundo do "single skiff" - que não está entre as modalidades olímpicas, mas o equipamento já foi usado para corrigir pequenas falhas técnicas e definir a estratégia de prova de Fabiana Beltrame, primeira remadora brasileira a conquistar um título mundial, 13ª nos Jogos Olímpicos de Londres, hoje a maior esperança brasileira de medalha no remo.

O aparato, resultado de pesquisa conduzida no laboratório de instrumentação biomédica do Programa de Engenharia Biomédica da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), é composto por um acelerômetro, que capta as informações de sensores conectados ao barco e ao atleta, e um microcontrolador, responsável por armazenar os dados, que revela informações como a velocidade, o número de remadas por minuto, o trajeto percorrido e o desempenho físico. Também é possível saber se, no esforço final para a chegada, o remador de fato acelera ou trava o barco.

"O esporte de alto nível não tem mais como evoluir sem o reforço de pesquisadores e cientistas", diz o professor de engenharia biomédica Márcio Nogueira, da Coppe/UFRJ. É verdade. As grandes potências esportivas devem muito à tecnologia e à ciência, não é de hoje. Desde os anos 1990, Lotus e McLaren, marcas tradicionalmente ligadas à Fórmula 1, desenvolvem inovações - como bicicletas mais leves e túneis de vento para treinamento de ciclistas - que transformaram a Inglaterra na terceira força do ciclismo olímpico, com dezoito medalhas de ouro em Londres, atrás apenas de França e Itália. O Japão, que apresenta evolução crescente nos Jogos desde o começo do século, tem um instituto de ciência do esporte e mais de 23 centros de treinamento espalhados pelo país. Na China, a estrutura para o tênis de mesa reúne mais de 200 pesquisadores e treinadores.

O Brasil vai ganhar, em breve, o primeiro laboratório olímpico da América Latina. Ali será possível fazer, por exemplo, a avaliação sanguínea dos atletas, ou o mapeamento das condições meteorológicas da Baía de Guanabara e a verificação de mudanças das correntes de água - informações úteis para a disputa de provas de iatismo. O laboratório estará ligado a um centro de inteligência, que reunirá dados para a orientação de treinadores e atletas quanto a marcas de desempenho já obtidas e progressos que devam ser procurados.

O centro de inteligência, formatado pela Coppe/UFRJ, dará embasamento estratégico ao laboratório. A ideia é replicar o que hoje só é feito no vôlei, que tem carga de treino personalizada, específica para cada atleta, e um banco de dados com as características dos adversários - da força do saque até o lado da quadra em que os jogadores de outras seleções costumam por a bola nas cortadas de rede. O Infostrada Sports Group, da Holanda, já abastece o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) com estatísticas semanais de todas as modalidades, mas o objetivo é ampliar o leque de fontes a partir da filosofia de que informação e conhecimento são peças-chave para o esporte de alto nível. "Não se está inventando nada: a gente espiona e é espionado", diz Jorge Bichara, gerente-geral de desenvolvimento esportivo do COB. "O objetivo é que, no futuro, seja possível descobrir um campeão aos sete, oito anos, idade ideal para o desenvolvimento dos atletas", afirma Marcos Cavalcanti, coordenador do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (Crie) da Coppe/UFRRJ, que há um ano desenvolve o programa para o COB.

O COB espera que as instalações do laboratório e do centro de inteligência fiquem na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, no Rio. Os investimentos previstos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), chegam a R$ 13 milhões e incluem a contratação inicial de 25 pesquisadores, que levantarão informações estatísticas de esportes e melhores formas de treinamento, além de treinadores. Embora a evolução de um atleta mediano até o nível mais alto leve de 8 a 12 anos, a expectativa é que em 2016 já possam ser colhidos os primeiros resultados das atividades do laboratório.

"A diferença de centésimos de segundo ou de milímetros nos esportes olímpicos depende cada vez mais da tecnologia", afirma Bichara, do COB, que conta com um orçamento de cerca de R$ 6 milhões anuais de recursos próprios para dar algum conteúdo científico à preparação dos atletas brasileiros.

O investimento em novas tecnologias de materiais e equipamentos esportivos é outro trunfo para a Olimpíada de 2016. Há projetos promissores. O Estúdio Baobá, de design, desenvolve, com ajuda financeira de R$ 90 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), um caiaque de corredeira em rotomoldagem (plástico em grãos, aquecidos em molde rotativo a 300 graus centígrados, que se solidifica no resfriamento), mais barato e resistente a impactos do que o modelo importado, de fibra de carbono. Um protótipo deve estar pronto até o fim deste ano e a produção em escala está prevista para 2014. Ideal para treinamento, o caiaque pode ajudar a popularizar o esporte a tempo ainda de colaborar na formação de atletas para os Jogos Olímpicos.

A Holos Brasil aprimora o projeto de um veleiro da classe Finn e de um mastro para a embarcação, em fibra de carbono, com financiamento de R$ 170 mil da Faperj. E vai requerer à Finep financiamento para a adaptação do seu modelo de cadeira de rodas de fibra de carbono para as competições de basquete e handebol dos jogos paralímpicos, que também serão disputados no Rio. "A cadeira de rodas para a prática esportiva é um projeto mais complexo, porque leva em conta a modalidade, o tamanho do atleta e o nível de lesão, mas dá para superar o desafio", diz o engenheiro naval Lorenzo Souza, dono da Holos Brasil. Ao todo, a Finep destinará R$ 20 milhões a projetos de empresas brasileiras que desenvolvam produtos inovadores relacionados a esportes paralímpicos.

Há novidades também nos 12 novos estádios da Copa do Mundo, que, a um custo de quase R$ 7 bilhões, prometem tornar coisa do passado as praças esportivas que se espalham pelo país do futebol. A Arena Corinthians, em Itaquera, São Paulo, tem tecnologia alemã de sustentabilidade, que permite o reúso da água da chuva e um sistema de autogeração de energia via células fotovoltaicas aplicadas à fachada. A ventilação também será natural, propiciada pela concepção arquitetônica da obra.

No Estádio Nacional de Brasília, a energia também virá dos raios solares, com geração total suficiente para abastecer mil residências. Cinco reservatórios, com capacidade de dois milhões de litros, armazenarão a água da chuva que vai suprir 80% das necessidades do empreendimento. 

Luís Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte: "A Copa do é uma oportunidade de alavancar o país para que venha a se tornar uma potência tecnológica"

Na Arena Castelão, em Fortaleza, primeiro estádio a ficar pronto, inaugurado pela presidente Dilma Rousseff, 102 quilômetros de cabos e 12 quilômetros de fibras ópticas conectam todas os serviços de dados, voz e imagem em uma única rede que cobre 1.500 mil pontos de acesso no campo, vestiários, arquibancada e áreas externas.

A concepção do projeto da Arena Pernambuco, na Grande Recife, incorpora detalhes de segurança dos novos modelos de estádios multiuso, com sala de monitoramento, centro de comando e controle e 271 câmeras - 34 delas, de alta definição, instaladas na cobertura, permitirão a aplicação de um zoom de alta qualidade para acompanhar a movimentação das pessoas.

Na academia, estão em andamento pelo menos dois projetos capazes de estabelecer um novo patamar científico para o mundial de futebol de 2014. O mais ambicioso prevê que o primeiro chute no jogo de abertura da Copa do Mundo seja dado por um atleta tetraplégico. O neurocientista brasileiro Miguel Nicolellis, diretor do laboratório de neuroengenharia da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, trabalha na criação de um exoesqueleto - uma veste robótica que transforma sinais cerebrais em movimentos - que permitirá a um deficiente executar o gesto simbólico apenas com a força do pensamento. Chips minúsculos, implantados no cérebro ou na medula do paciente, seriam capazes de captar os sinais gerados pelo cérebro e transformá-los em comandos, como mover o pé ou chutar uma bola.

O geneticista Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais, recebeu o sinal verde da Fifa para coletar o DNA dos jogadores de todas as seleções e usar esse material para demonstrar que não há diferenças genéticas importantes entre os atletas. Dará força, assim, à campanha contra o racismo no futebol, que se tornou comum nos estádios da Europa. A ideia é fazer um estudo com 100 mil marcadores genômicos de 22 atletas de cada time sem a determinação de indicadores comuns que exponham as características de cada um.

"Usamos marcadores de regiões genéticas anônimas que servem para comprovar que não existe diferença entre um africano e um europeu", afirma Pena. "A Fifa se manifestou a favor, com apoio verbal de seu presidente, Joseph Blater, porque o racismo tem sido um problema enorme para a entidade." Pena diz que ainda é muito cedo para falar sobre como o projeto será desenvolvido. Uma experiência-piloto foi feita com pessoas que passaram pelo estande do Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres.

O chute inaugural da Copa do Mundo deverá ser dado por um atleta tetraplégico, que usará uma veste robótica, o exoesqueleto.

O argentino Lionel Messi, o português Cristiano Ronaldo, o espanhol Andrez Iniesta e o brasileiro Neymar Júnior, alguns dos maiores jogadores do mundo, poderão desfilar seus talentos preocupados apenas com a competição, embalados pelos gritos da torcida ou pelo som de dois instrumentos musicais: a caxirola, adaptada pelo músico Carlinhos Brown do caxixi, um chocalho de origem africana, e o pedhuá, inspirado em um apito dos índios brasileiros.

Autorizada pela Fifa, a empresa canadense The Marketing Store (TMS), que fabrica mais de 1,2 bilhão de produtos no mundo, como o batmóvel da Shell e os brindes da McDonald"s, investiu R$ 800 mil em design e projetos de comercialização e já começou a produção dos equivalentes brasileiros da vuvuzela da Copa do Mundo da África do Sul. A expectativa é vender 40 milhões de unidades de cada um dos instrumentos até o mundial. Quatro milhões de caxirolas e peduhás já estarão à venda na Copa das Confederações, que será disputada este ano no Brasil. Para não haver confusão com o apito dos juízes, o peduhá passou por modificações que vão além do uso de plástico verde (polietileno proveniente de fontes renováveis) na fabricação, como a trava que bloqueia o som em caso de um sopro muito forte. "Essa vai ser a copa do ritmo", aposta Gustavo Oliveira, diretor de Negócios da TMS.

A oportunidade de novos negócios criada pela Copa do Mundo embala também as expectativas do Guia Turístico Móvel, um aplicativo multilínguas para celular com tudo que vai acontecer antes, durante e depois do evento e um roteiro dos hotéis e restaurantes, atrações de lazer e até o andamento das obras nos estádios e aeroportos das 12 cidades-sede. O programa, idealizado pela Rái/RS Comunicação, de Porto Alegre, de olho nos 600 mil visitantes esperados no país no ano que vem, poderá ser baixado gratuitamente por usuários de iPhone e iPad e dos sistemas Androide e Java.

É um dos 89 projetos que ganharam a chancela do Ministério do Esporte, o que não implica ajuda financeira do governo federal, mas abre as portas para a captação dos R$ 300 mil necessários para cobrir os custos de confecção do aplicativo desenvolvido pela PMóvel, empresa que atua em mais de 15 países, e para uma campanha de divulgação do guia. "Mobilidade e publicidade são fundamentais para o sucesso dos grandes eventos. Ninguém sai com notebook ou tablet para localizar um restaurante", diz Alexandre Quintian, diretor de marketing da Rái-RS Comunicação.

É exatamente aí, em mobilidade e comunicação, que se espera a maior evolução do Brasil a partir da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos do Rio. Estudo da A.T. Kearney calcula que, até 2016, serão investidos R$ 57 bilhões no país, sem considerar o trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro. Dez por cento desses recursos seriam direcionados à TI - em infraestrutura, sistemas de transmissão de dados, imagens e telefonia. A Copa do Mundo marca o ingresso definitivo do país na era da banda larga e da tecnologia de ponta em segurança da informação. 

Conforme entendimentos com a Fifa, estabeleceu-se o objetivo de levar a banda larga a 40 milhões de domicílios, até 2014, com velocidade de 1 Mbps e preços a partir de R$ 35. Ao todo, serão instalados mais de 1,2 mil quilômetros de fibras ópticas nas regiões metropolitanas das 12 cidades-sede. Setenta por cento das obras de implantação de redes de fibras ópticas em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza foram concluídos no ano passado. Até a Copa do Mundo, deverá estar implantada a rede de fibras ópticas da Amazônia, que vai permitir a integração, em alta velocidade, dos centros de pesquisa da região Norte à Rede Nacional de Pesquisa (RNP).

As 12 capitais que sediarão os jogos da Copa também ganham investimentos próprios de cidades inteligentes. Além dos centros de comando e controle de segurança que serão instalados em cada uma das cidades-sede e dos dois - um em Brasília e outro no Rio - encarregados de centralizar todas as operações, algumas já começam a incorporar tecnologia para garantir a mobilidade e melhorar a eficiência dos serviços públicos. Inspirada em projetos existentes no Japão e na Coreia do Sul, a Cidade da Copa, em São Lourenço da Mata, na Grande Recife, por exemplo, foi projetada para ser um bairro inteligente em torno da Arena Pernambuco, com projeto urbanístico sustentável e um sistema de trânsito que permite a alteração digital dos sentidos das vias.

No Rio, a Prefeitura vai ressuscitar o bonde para desafogar o trânsito caótico do centro. Orçado em R$ 1,15 bilhão e com previsão de entrega para 2015, a tempo da Olimpíada, o projeto de um sistema de veículo leve sobre trilhos (VLT), com 30 quilômetros de malha, 6 linhas e 42 pontos de parada, teria um impacto de R$ 410 milhões ao ano com a redução no consumo de combustível e emissão de gás carbônico.

O Rio, que deve movimentar R$ 3 bilhões em compras nos próximos três anos em torno da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, de acordo com estimativa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), já exibe um mobiliário urbano destinado a reforçar a imagem da cidade como capital mundial do esporte. São bicicletários, mesas de pingue-pongue, redes de vôlei e plataformas de exercício desenvolvidos pelo designer Guto Índio da Costa. Em fase de testes em uma praça da zona sul carioca, a mesa de pingue-pongue em aço inox e vidro super-resistente é a primeira de outras que depois serão espalhadas pela cidade. Os bicicletários representam um investimento de R$ 120 mil em 20 peças de aço inox instalados nos canteiros centrais da orla marítima dos bairros de Ipanema e Leblon. 

A mobilização provocada pelos grandes eventos esportivos gera ideias inovadoras inusitadas. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já aprovou R$ 3,13 bilhões do programa ProCopa Arenas para a construção de estádios do mundial, outros R$ 745,5 milhões do ProCopa Turismo para a construção de hotéis e investe mais R$ 3,5 milhões na implantação do Centro de Treinamento de Canoagem, em São Paulo, liberou R$ 1 milhão da verba que destina à cultura para "O Inacreditável Roubo da Jules Rimet", produzido pela Pródigo Filmes, que chega às telas em 2014 com a constrangedora história da taça do tricampeonato mundial de futebol levada do nono andar da sede da Confederação Brasileira de Futebol, em pleno centro do Rio, em 1983.

Mas nada parece desafiar mais a criatividade do que o projeto de criação de hortas hidropônicas nas lajes da favela do Vidigal, na zona sul carioca. O idealizador é o arquiteto Hélio Pellegrino, conhecido por seus projetos sustentáveis, que vislumbrou as possibilidades agrícolas da comunidade durante a construção de um hotel cinco estrelas com apenas 11 quartos no lugar. Um engenheiro agrônomo tenta dar viabilidade técnica e comercial à iniciativa, que poderia garantir a geração de renda para os moradores da favela. Se tudo der certo, a produção poderia abastecer a mesa dos jogadores de futebol e atletas que disputarão as partidas da Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. "É um projeto entusiasmante, porque permite que as pessoas trabalhem onde moram. Esse é um legado de mobilidade", diz Pellegrino.

"A maior audiência do mundo vai estar voltada para o Brasil em 2014 e 2016, mas, como a África do Sul na Copa de 2010 [onde não houve avanços em inovação, dando-se mais atenção às exigências da Fifa em matéria de infraestrutura], estamos perdendo o foco na inovação. Ainda assim, é possível que o país tenha um salto em tecnologia e ciência", diz Eduardo Costa, consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco Mundial nas áreas de inovação e negócios eletrônicos. Ex-diretor de inovação da Finep, Costa é líder do grupo 2014 Bis, que apresentou no estande do Brasil, nos Jogos Olímpicos de Londres, 14 projetos ousados, como o relógio sem ponteiro idealizado por Hans Donner, em que a hora é marcada apenas por tons de claro e escuro, e um programa de realidade virtual em que o jogador Neymar fazia embaixadinha e passava a bola para o visitante tentar repetir o lance.

"A Copa do Mundo é uma oportunidade de alavancar o país para que venha a se tornar uma potência tecnológica", afirma Luís Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte. Talvez não dê para levantar a taça, nem conquistar a medalha de ouro da modalidade "tecnologia e inovação", mas, na Copa do Mundo ou na Olimpíada, o mais importante talvez seja garantir que o Brasil entre no jogo.

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