Publicado: Sexta, 14 Junho 2013 13:02
  Fonte: Jornal da Ciência

De olho na segunda das cinco metas que pretende alcançar até 7 de setembro de 2022 e em sintonia com o pacto nacional pela alfabetização na idade certa, lançado no ano passado pela presidente da República, o Ministério da Educação acaba de instituir mais uma avaliação para estudantes da educação básica na rede pública. 

Desta vez, o objetivo é aferir até que ponto alunos do 3º ano do Ensino Fundamental, na faixa até oito anos de idade, sabem efetivamente ler e escrever. A Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), oficializada por decreto na última segunda-feira, tem a pretensão de contribuir para que, em menos de uma década, 100% das crianças demonstrem habilidades básicas de leitura e escrita. A missão é exequível, mas não pode ser considerada fácil num país de tantas tentativas malsucedidas nessa área e no qual apenas um em cada quatro brasileiros têm hoje domínio pleno das habilidades básicas de leitura, escrita e matemática.

O Brasil, com pretensões de figurar entre as nações desenvolvidas, precisa romper com essa situação em que um percentual tão elevado de adultos não dispõe desse pressuposto da cidadania e muitas crianças continuam sem alcançar a alfabetização no período adequado. O desafio, portanto, é evitar a repetição da história de muitos pais que, num mundo de exigências cada vez mais complexas e diversificadas, não conseguem decifrar o itinerário de um ônibus, nem digitar números num caixa eletrônico, muito menos entender a síntese de um texto simples ou fazer inter-relações entre o mundo da ficção e o da realidade. Particularmente no caso das crianças, portanto, as metas não podem se restringir à alfabetização, que se constitui numa condição mínima para o exercício da plena cidadania. É preciso que se preocupem também em formar leitores críticos, em condições mais favoráveis de contribuir para um país melhor.

Com a criação dessa que acaba de ser instituída pelo MEC, agora são três as provas oficiais de avaliação na Educação Básica da rede pública. As outras duas são a Prova Brasil, para alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental, e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado na última série do Ensino Médio. Apesar de algumas resistências anacrônicas, quanto mais a educação for avaliada, mais o país terá oportunidade de detectar falhas a tempo e de corrigir as distorções com rapidez, evitando que tantas gerações tenham seu aprendizado prejudicado, muitas vezes de forma definitiva.

A questão é que, desde o início do século 20, quando o poeta Olavo Bilac liderou uma campanha para que mais brasileiros aprendessem a ler e a escrever, muitos esforços oficiais e da parte da sociedade organizada se sucedem, sem conseguir zerar o percentual de iletrados. Mecanismos de avaliação de ensino podem ajudar também na luta contra o analfabetismo, mas a precondição é que os programas com esse objetivo não sejam mais descontinuados.

Editorial do Zero Hora sobre a Avaliação Nacional de Alfabetização
(Zero Hora)

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