Publicado: Sábado, 25 Maio 2013 11:41
  Autor: Harvard Gazette
  Fonte: uol.com.br

O número de produtos educacionais disponíveis no mercado, nas institições de ensino e na web disparou nos últimos anos. Mas será que os alunos conseguem vencer as tentações do universo on-line, como redes sociais, games e sites, quando estão diante de seus computadores? 


No estudo "Interpolated memory tests reduce mind wandering and improve learning of online lectures" (Testes de memória intercalados reduzem divagação da mente e melhoram a aprendizagem de aulas on-line, em livre tradução), publicado neste mês na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores de Harvard mostram que sim, quase metade dos alunos perde a concentração, mas sugerem uma forma de otimizar o aprendizado em ambientes on-line: testar os alunos com frequência.

De acordo com o estudo feito por Daniel Schacter, professor de psicologia de Harvard, e Karl Szpunar, que estuda concentração e aprendizado em seu PhD, ao intercalar videoaulas com testes curtos, os momentos de divagação mental dos alunos diminui pela metade, o hábito de tomar notas triplica e a retenção geral do conteúdo aumenta. "A questão que queríamos responder, basicamente, é como otimizamos o tempo dos alunos quando eles estão em casa, tentando aprender com videoaulas. Como é que podemos ajudá-los a extrair a informação de que precisam com mais eficiência?", diz Szpunar.

O ensino a distância ameaça o emprego do professor. MITO: Este profissional é essencial para verificar o aprendizado a distância do aluno. O computador não vai substituí-lo. Na opinião do professor Athail Pulino, da UnB, o professor de EAD consegue até acompanhar melhor o desempenho dos alunos. Isso é feito por meio de atividades próprias dos cursos a distância, como fóruns de discussão, testes online e atividades extras, que são em quantidade maior que nos cursos presenciais, segundo ele Leia mais Mateus 

A dupla percebia, ao falar com alunos, que eles tinham problemas em se concentrar durante aulas on-line diante de tantas opções na internet. "Alguns estudantes com os quais conversamos diziam que levavam quatro horas para assistir a uma videoaula de uma. Tudo isso porque ficavam tentanto lutar contra todas as distrações que os cercam." Paralelamente, também se angustiavam com o fato de haver muitas certezas a respeito do aprendizado virtual que ainda não haviam sido cientificamente comprovadas. "Existe uma crença popular genérica que diz que as aulas deveriam ser curtas e estimulantes, mas ainda falta prova científica de que essa afirmação seja correta", afirma Schacter.

Diante desse cenário, os pesquisadores levantaram a hipótese de que, dando um incentivo para que os alunos prestassem atenção seu aprendizado se tornaria mais eficiente. E fizeram dois experimentos. O primeiro grupo de estudantes assistiu aulas que foram divididas em quatro blocos de cinco minutos. Depois de cada bloco, os estudantes deveriam responder a uma série de problemas de matemática.

Em um segundo experimento, os participantes foram separados em três grupos diferentes para assistir a aulas divididas em blocos. A diferença é que, desta vez, essas aulas foram interrompidas para que os alunos dissessem no que eles estavam pensando. "Foi surpreendente o quão alta era a tendência de o aluno estar divagando", disse Schacter. "Em nossos experimentos, quando perguntamos se eles estavam pensando em algo fora dali, os alunos disseram que sim cerca de 40% do tempo. Isso é um problema significativo".

No fim de cada bloco, assim como no primeiro experimento, os três subgrupos foram testados. Um teve de resolver problemas relativos à aula; o segundo fez mais testes de matemática; e o terceiro teve a oportunidade de estudar o assunto da aula pela segunda vez.

A surpresa, disse Schacter, nos dois experimentos, é que os alunos testados entre os blocos mostraram um menor percentual de divagação e melhoraram sua taxa média de retenção do conteúdo. "Não é suficiente que uma videoaula seja curta ou que apenas dividamos uma aula longa em várias partes menores, como fizemos nestes experimentos", diz Schacter. "Você precisa testar os alunos.

Apenas dividir em partes e permitir que eles fizessem outra coisa, mesmo que fosse estudar novamente o conteúdo, não impediu que eles perdessem a concentração nem melhorou sua performance na prova final. O teste foi o componente crítico."

Esses testes, acreditam Schacter e Szpunar, agem como um incentivo para os estudantes prestarem atenção às aulas porque eles sabem que terão de responder a questões no fim de cada bloco. "Seja na sala de aula presencial ou na on-line, os alunos normalmente não esperam ter de resumir a aula de uma forma que faça sentido posteriormente", disse Szpunar.

Outro efeito surpreendente dos testes, disse Szpunar, foi a redução da tensão pré-prova entre os alunos e a diminuição do temor sobre o material da aula on-line. Como os cursos on-line estão cada vez mais cotados para serem parte importante do ensino superior, Szpunar diz que espera que seus resultados ajudem a traçar um plano que possam garantir que os alunos tirem o máximo proveito de seus estudos. "O que realmente precisamos fazer é incutir nos alunos a expectativa de que eles precisam para expressar o que aprenderam em algum ponto mais tarde", afirma.

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